A primeira vez que vi o programa deste ano, fiquei com a impressão que não satisfaria os meus gostos como o do ano passado, algo que se confirmou. Todavia, isto não quer dizer que as intervenções fossem de qualidade inferior ou que não me tenham interessado.
O Fórum abriu com "Projecto Trëma", ao cargo de Rogério Ribeiro e Sofia Vilarigues, durante a qual foi dado uma actualização sobre o estado do dito. Além de garantirem que o projecto terá um produto final em papel (independentemente do formato), os apresentadores revelaram a intenção de promover oficinas da escrita, mensalmente, na biblioteca de Telheiras (para mais pormenores teremos de esperar...).
Seguiram-se:
- “Literatura Fantástica Portuguesa – Edição e Comunidade”, cujo painel incluiu António de Macedo, Rogério Ribeiro e Luís Filipe Silva. Nesta apresentação, além de nos ter sido pintado um quadro sobre a mudanças que o meio sofreu, tanto a nível da relação autor/editora, como na “comunidade” em si, tivemos o bónus de um pequeno esclarecimento sobre o que o Novo Acordo Ortográfico significará para os autores. Resumindo uma questão muito mais complexa, no que diz respeito à legislação nada obriga os autores a aceitarem o Novo Acordo, contudo, dos editores também têm alguma liberdade para alterarem o texto para ficar em acordo com o Acordo, não sendo isto considerado deturpar. Solução apontada para esta questão: negociação. O editor e o autor têm de procurar uma solução que agrade ambos.
Isto de ninguém ser obrigado é muito bonito, mas todos sabemos que essa liberdade é ilusória, dependendo em exclusivo do “poder/influência” do autor. Alguém que já tenha um determinado peso no meio, poderá fincar pé, por seu lado, o peixe miúdo pode tentá-lo, mas sujeita-se a ouvir um “Ah quer escrever assim? Então vá fazê-lo para outra editora.”
- “Eternauta: Germano Facetti e a nova imagem da ficção científica nos anos 60” por Pedro Marques, um apresentação sobre capas de ficção científica na mesma linha dos textos que o designer gráfico tem publicado na Revista Bang!. Embora o rigor necessário tenha tornado a apresentação um pouco mais pesada que as anteriores, também suscitou curiosidade.
- “Ensinar Ficção Científica”, com Jorge Rosas e João Lin Yun, moderado por Rogério Ribeiro. O evento abordou tanto o ensino das temáticas sociais abordadas pela Ficção Científica, como o uso desta como ferramenta para ensinar as ditas “ciências puras e duras”. Embora as demais apresentações também tenham beneficiado da interacção com o público, na minha opinião, esta e a seguinte foram as que o fizeram melhor.
- “Os Sexos na Literatura Fantástica”, painel que incluiu Madalena Santos, Bruno Martins Soares e Pedro Ventura, tendo sido moderado por Daniel Cardoso. Usando uma análise da primeira obra de Madalena Santos, Bruno Martins Soares e da última de Pedro Ventura, Daniel Cardoso fez um apanhado das características do modo como as protagonistas femininas são apresentadas. Como é óbvio, as conclusões e o debate que elas geraram são demasiado extensas para colocar aqui, por isso, não me alongarei, direi apenas que foi a apresentação que mais me interessou (como calculei que seria, tendo em conta o tema).
Além das apresentações, para mim, o Fórum Fantástico é das poucas oportunidades de falar cara a cara com leitores e escritores com os quais apenas comunico via Facebook. Como imaginam, todo o tempo é pouco…
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