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Tuesday, November 1, 2011

Behind the Scenes: Condicionamento


  Condicionamento: “Operação pela qual se torna eficaz para a produção de certo reflexo um estímulo que normalmente não o é.” Neste caso específico, refiro-me às condições que um escritor impõe a si mesmo enquanto escreve, por exemplo, expondo-se a ou afastando-se de determinados conteúdos.

  Numa conversa com outro autor descobri que ele, no período de tempo em que está a criar um livro não lê trabalhos de outros escritores, de modo a evitar por completo qualquer influência residual. Admito que tal preocupação nunca me passou pela cabeça e mesmo que tivesse passado, não me julgo capaz de tal sacrifício. Adoro ler e abdicar completamente de o fazer, mesmo que apenas por um ou dois meses (supondo que seria um livro pequenito), parece-me uma tortura desnecessária, por mais justificada que fosse.

  Isto não quer dizer que não me submeta a determinados condicionamentos para estimular a escrita, preferindo certos filmes, séries, músicas e livros, em detrimento de outros. Já aqui falei da influência de Er na minha escrita, pois, aproveito para confessar que um episódio desta série, normalmente, é suficiente para me espicaçar o “bichinho da escrita” quando este ameaça entrar em hibernação. O mesmo posso dizer a nível de leituras. Na minha experiência, nada estimula mais o cérebro do que a palavra impressa, mesmo quando o texto que se lê seja sobre a coisa mais secantes do mundo. Perdi conta das vezes que, em sessões de “marranço” para exame, dei pela minha mente a divagar para episódios de intensa criatividade literária.

  “Não receias a tal influência residual?” Nem por isso. Influenciado ou não, continuo a controlar aquilo que colocou ou deixo de colocar numa história.

  Exposta a situação, é óbvio que este condicionamento foi pouco condicionado, o que é o mesmo que dizer que lhe faltou um processo de selecção, algo que não creio que tenha feito diferença às obras de “Crónicas Obscuras”, mas que poderá não ser tão inofensivo no projecto que irei desenvolver para NaNoWriMo. Ver um episódio de “Criminal Minds” ou “Er” enquanto se conta a história de um homicida sobrenatural, em meio urbano, não prejudica a mesma, muito pelo contrário, até pode beneficiá-la, contudo, a questão muda de figura quando se prepara uma narrativa de high fantasy, passada entre sociedades tribais de caçadores-recolectores.


  Além da oportunidade de explorar uma ideia em stand by à vários anos, NaNoWriMo permitir-me-á também experimentar um condicionamento mais intenso. Não deixarei de ouvir o mesmo género de música que sempre ouvi, contudo, irei reduzir as séries a um nível residual e apenas lerei conteúdos escolhidos para me colocar no right state of mind.       

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