Próxima Quinta-feira, dia 2 de Junho, na Casa de Chá, no Jardim da Sereia (Coimbra) haverá uma sessão de divulgação da obra "Crónicas Obscuras - A vingança do lobo".
O evento terá a composição da praxe: uma pequena introdução efectuada pelo autor (a parte chata - será mesmo muito pequenina), seguida da secção de perguntas dos leitores (a parte interessante, para todos os envolvidos).
Por favor, divulguem, apareçam e tragam perguntas. :)
Uma vez que ainda sou um jovem escritor, seria um pouco arrogante da minha parte dar conselhos… todavia, como o próprio acto de dar conselhos é algo naturalmente arrogante, cá vai:
Arranjem um sítio confortável para escrever.
Nos dias em que se está inspirado é possível escrever-se em qualquer lado, porém, temos de estar preparados para os piores. Um assento confortável e silêncio podem fazer toda a diferença entre uma boa sessão de escrita e aquela agonizante sensação de sentirmos uma boa ideia escapar-se, por não encontrarmos a melhor maneira de a passar para o teclado.
Existe outro conselho, mas não o posso reclamar como meu, pois foi-me ensinado: ser escritor é uma profissão e deve ser encarada como tal. O escritor deve escrever todos os dias quer o queira quer não, nem que tudo o que produza num dia seja para deitar fora no outro, o importante é não deixar a mente amolecer.
Não me preocupei particularmente em construir a narrativa em redor de uma moral. Maioritariamente, não é esse o objectivo de Crónicas Obscuras. Afinal, muitas vezes, a vida não tem moral ou lógica.
Se quiserem retirar algum moral à história que seja este: os actos de um podem afectar a vida de vários, mesmo que inadvertidamente.
Literalmente uma dúzia de apresentações desde o lançamento de “Crónicas Obscuras – A vingança do lobo” e muita coisa mudou. O nervosismo inicial desapareceu, graças à prática e a consciência que sou o gajo mais habilitado para falar de Crónicas Obscuras. E não, isto não é um desafio aos futuros hardcore-Comic-Con-going-fans! Ou se calhar até é…
Não obstante, a possibilidade de chegar ao local da apresentação e ter da fazer para um espaço vazio, mantêm-se. Verdade, partilhado esse risco com vários escritores, até mesmo aqueles que há muito alcançaram notoriedade... o que, estranhamento, não me faz sentir melhor. Em todo caso, um espectador ou dez, the show must go on.
Receei que fosse acontecer precisamente uma dessas situações ontem à noite, na Feira do Livro da Figueira da Foz, quando chegou a hora da apresentação e não estava lá quase ninguém, Juro que imaginei a proverbial tumbleweed a rolar no chão do espaço, qual one horse town perante um duelo, enquanto ao fundo se ouvia um grilo solitário. Mas felizmente, após o atraso da praxe veio mais gente e a coisa compôs-se.
Mesma técnica do costume, aqueles entre vós que foram às minhas apresentações (sim, ambos) sabem como é: falo cinco minutos, dez no máximo, e depois fico-me por aí, para não maçar a plateia, passando-lhe a palavra. A porção das perguntas do público é a minha favorita e embora esta não tenha sido das mais produtivas (houve momento em que se podia ouvir um alfinete tombar – mesmo num chão alcatifado) sempre foram colocadas algumas questões originais, que publicarei na secção Perguntas mais frequentes.
Resumindo, another one bites the dust e esperemos para ver como correrão as seguintes, onde quer que elas sejam.
Esta questão ou é estupidamente fácil ou incrivelmente difícil para um autor. Não existe meio-termo.
Muitas vezes têm de ser terceiros a dizê-lo, pois possuem o distanciamento necessário para tal.
Podia falar em vários livros, filmes e séries que me influenciaram, porém, existe uma criação que se sobrepõe às demais e que foi crucial para definir o tipo de narrativo que teço: a série médica ER.
Passo a explicar, tendo em conta a idade com que comecei a ver Er, esta série foi a minha primeira experiência com narrativas mais complexas, nas quais nem as linhas entre o Bem e o Mal são definidas, nem os “bons” ganham sempre. Em Er aprendi as vantagens de uma história não possuir apenas uma ou duas personagens centrais, sobre os quais assenta toda a narrativa, mas antes um vasto leque, para procurar manter o interesse de vários tipos de leitores.
Ao responder a esta pergunta em voz alta deparo-me com um problema: a minha falta de talento para prenunciar certos nome. Felizmente, perante o teclado não tenho a mesma dificuldade portanto cá vai: Juliet Marillier, Júlio Verne, Lian Hearn, Stephen Lawhead, Neil Gaiman e Serguei Lukiánenko.
Tenho várias ideias e alguns delas precisam de extensa pesquisa antes de puderem ser utilizadas, porém, para já posso limitar-me a lançar o nome de quatro cidades: Paris, Londres, Tóquio e Praga (não necessariamente por essa ordem).
Uma questão que normalmente vêm logo a seguir à do post anterior.
Não interessa que nunca se tenha posto os pés no Parque Central, no Madison Square Garden ou na Time Square, Nova York é um cidade que parece sempre familiar. É a capital do mundo, o palco de dezenas, senão centenas, de filmes, séries, livros e BD’s. A ficção já utilizou as suas ruas para tudo, desde invasões alienígenas a histórias românticas.
Uma vez que Crónicas Obscuras – A vingança do lobo decorre na Grande Maçã, esta questão é das mais frequentes. Infelizmente, não, nunca fui a Nova York.
Esta pergunta tem surgido em todas as apresentações.
Resposta: onze meses.
Talvez pudesse ter levado menos tempo, todavia, infelizmente, não vivo de escrever. Ganho a vida como arqueólogo e, como compreenderão, ao fim de um dia de trabalho nem sempre tenho paciência para gastar os tempos livres a escrever, por mais que “corra por gosto”.
A possibilidade já me passou pela cabeça, mas não acredito que o faça. Não só ainda tenho várias histórias de Crónicas Obscuras para contar, como este género literário permite-me experimentar todos os outros. Policial, romântico, erótico, espionagem, etc, usando o universo de Crónicas Obscuras como base, posso criar narrativas dentro de todas estas temáticas.
Porquê este género literário e não qualquer outro?
A verdade é que desde que me lembro gosto de mitos e lendas, monstros e deuses. Não tenho a certeza de onde veio esta preferência, porém, creio que se fosse obrigado a apontar um culpado teria de acusar a caderneta Monster in My pocket, que recebi quando devia ter seis ou sete anos. Após toda uma infância a imaginar histórias, escrever sobre o tema foi algo natural para mim.
Agora que voltei a ser desafiado para sessões de apresentação de Crónicas Obscuras - A vingança do lobo, achei que seria interessante partilhar um pouco da experiência convosco.
Admito que sou novo nisto das apresentações literária, mas do pouco que discerni, quer a fazê-las, quer a vê-las, só existem duas maneiras dos autores as dirigirem: podem divagar, como se tivessem apaixonados pelo som da própria voz ou procurar interagir com o público. Uma vez que não tenho grandes dotes oratórios, opto sempre pela segunda, sendo a minha parte favorita destas sessões as perguntas do público.
Por isso, decidi partilhar convosco algumas das questões mais frequentes, assim como a minha resposta às mesmas.
