Uma pequena vinheta que criei para Vollüspa. Apreciem e digam o que acham. ;)
Clóvis estava sentado no centro do círculo protector, quando a lâmpada do candeeiro começou a piscar e a velas em seu redor a abanar, embora não houvesse brisa.
3h30. O fim aproximava-se.
As baratas e ratos saltaram das fendas na parede para o soalho, fugindo em pânico perante o poder profano que convergia sobre a sala.
3h31. O relógio no pulso de Clóvis parou e a lâmpada extinguiu-se, deixando apenas as velas para iluminar a leitura. A temperatura caiu a pique, as tábuas do soalho estalaram e uma gota de sangue pingou entre as letras impressas, escorrendo do nariz do jovem, que continuou a ler, mesmo quando uma figura sombria, vestido no fato ensanguentado de Clyde Barrow, se materializou na sala, erguendo-se das sombras.
- Clóvis Barnabé – clamou a criatura, apoiando-se na bengala esculpida com a madeira do Wasa, inundando o espaço com a sua voz cavernosa e o cheiro azedo a sangue, putrefacção e cinzas – os teus 33 anos entre os vivos chegaram ao fim, é hora de honrares o pacto de teu pai e vires comigo. Resistir é inútil, a tua alma pertence-me e arrastá-la-ei pelos Portões Negro do…
- Yah, dá-me só dez minutos, pode ser? Estou mesmo no último conto.
“Cachopos! Já ninguém respeita as Forças do Inominável…” queixou-se a entidade sombria, sacando do relógio do Capitão Edward Smith e dando um pontapé na barreira protectora, que na sua opinião era uma anedota, capaz de ser pulverizada pelo arroto de um diabrete de 3ª categoria.
- Ó que se lixe, tenho tempo – autorizou, guardando o relógio e encolhendo os ombros perante a insignificância de dez minutos face à eternidade. – Que lês?
- Vollüspa – Antologia de Contos de Literatura Fantástica.
- Bom?
- Excelente.
- Posso ler, quando acabares? Não quero abusar…
- Na boa.
- Fixe.
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