Histórias escritas a duas mãos fascinam-me por todos os problemas de logística que apresentam. Na pratica temos ali dois escritores, espécimes conhecidos pelas tendências solitárias e caprichosas, capazes de lutar com um grizzlypela integridade criativa (ou pelos menos dizer que sim), fechados no mesmo projecto, egos e teimosias em riste. Em suma, tudo preparado para haver granel.
Fora possíveis divergências criativas, como é que farão? Falo a nível prático?
Num filme particularmente insonso chamado "Friends with Money" a questão foi apresentada com o método mais contraproducente que alguma vez já vi, pelo menos para o meu feitio: dois escritores, sentados à frente um do outro, cada um a escrever no seu computador, enquanto debatiam ideias. Verdade que não conheço ninguém na vida real que escreva assim, se o fizerem e funcionar para eles, maravilha. A mim, parece-me criar um distanciamento desnecessário e incentivar conflictos (algo que já não era difícil de se dar).
Na minha opinião, os métodos mais eficazes serão:
- brainstorm, acertar agulhas em conjunto, depois cada um faz a sua parte sozinho e no final junta-se tudo, com todos os invitáveis retoques.
- criar em conjunto, mas só um dos envolvidos é que escreve, pelo menos maioritariamente. Também o poderiam fazer à vez, só que suspeito que isso atrapalharia um pouco e quebraria o ritmo da narrativa. Como é óbvio, este método, ainda mais que o outro, beneficiará de ambos estarem na mesma sala, embora nada impeça alternativas.
Vocês? Se já se bateram nesse campo, como o fizeram? Se não, como fariam?
A seguir: Escrita a duas mãos: parceiro
![]() |
Catherine Keener in "Friends with Money" |
No comments:
Post a Comment